15 novembro 2012

Oração ou Reza?

Quantas vezes você já não ouviu esse paralelo ignorante que alguns protestantes fazem em relação a essas palavras? Quantas vezes você já não foi questionado a respeito de seu uso e desuso e, por fim, quantos de nós católicos também caem nessa falácia de que uma difere e profana a outra. ESTUPIDEZ e IGNORÂNCIA. Veremos que isso nada tem haver com que uma grande parte da população a
tual menciona como certo e errado.

Isso vale aqueles que, destituídos de um mínimo de cultura ou honestidade intelectual, fazem das duas palavras, “oração” e “reza”, um cavalo de batalha. “Nós oramos os católicos rezam: logo, os católicos estão errados”. Os desinformados e/ou desonestos precisam saber que “oração” “orar” (sem necessidade de remontar ao hebraico “Or” (Luz)), são palavras originadas do latim, língua de Roma e, portanto, língua legítima da Igreja Católica: (Oratio , orare). Até a aparição dos primeiros protestantes (1520), foram de exclusividade nossa, na liturgia da Igreja Ocidental. Querer vender-nos o que é nosso é crime de estelionato!

Sendo um pouco mais específico Orar vem do latim orare; e rezar, do latim recitare, que também deu em português recitar. Já em latim, os verbos orare e recitare têm sentidos muito próximos: o primeiro significa “pronunciar uma fórmula ritual, uma oração, uma defesa em juízo”; o segundo, “ler em voz alta e clara” (portanto, o mesmo que em português recitar). Entretanto, para orare prevaleceu na latinidade e nas línguas românicas o sentido de rezar, isto é, dizer ou fazer uma oração ou súplica religiosa (cfr. A. Ernout–A. Meillet,Dictionnaire étymologique de la langue latine — Histoire des mots, Klincksieck, Paris, 4ª ed., 1979, p. 469). Nós, católicos, damos ao verbo rezar um sentido bastante amplo e genérico, e reservamos a palavra oração mais especialmente — mas não exclusivamente — para os diversos gêneros de oração mental, como a meditação, a contemplação etc. Não há razão, portanto, para fazer dessa ligeira diferença, comum nos sinônimos, um tema de disputas.

Os protestantes, entretanto, salientam a diferença por dois motivos. Primeiro, porque para eles serve de senha. Com efeito, acentuando arbitrariamente essa pequena diferença de matiz entre as palavras, eles utilizam orar em vez de rezar, e assim imediatamente se identificam como crentes (como diziam até há pouco) ou evangélicos (como preferem dizer agora). Isso tem a vantagem, para eles, de detectar entre os circunstantes os outros protestantes que ali estejam. É um expediente ao qual recorrem todas as seitas dotadas de um forte desejo de expansão, como é o caso dos protestantes no Brasil.

Por outro lado, a oração, para os protestantes, não tem o mesmo alcance que para nós, católicos. Enquanto para nós o termo oração engloba todos os gêneros de oração — desde a oração de petição até as orações de louvor e glorificação de Deus — os protestantes esvaziam a necessidade da oração de petição, que para eles tem pouco ou nenhum sentido. Com efeito, como nós, católicos, sabemos, a vida nesta Terra é uma luta árdua, em que devemos pedir a Deus em primeiro lugar os bens eternos, e depois os bens terrenos de que temos necessidade. É o que ensinou Nosso Senhor Jesus Cristo.

Até ontem, quando a Missa era em latim, assim como ainda hoje em boa língua portuguesa, o termo clássico era de uso comum, esses ignorantes deveriam verificar entre qualquer Igreja Católica, durante a Missa e ouvirão, mais de uma vez, o convite do celebrante: “Oremos!” E, uma vez o solene: “Orai irmãos para que nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai, Todo Poderoso”. Dizer que a Igreja não ora é no mínimo preguiça de pesquisar a verdade, a Igreja nunca fez distinção entre uma coisa e outra, pois via e continua a ver o mesmo significado em ambas as palavras, o que sempre foi real, os santos e santas que nos antecederam assim já nos demonstravam:

“Depois que ficava em oração, via que saia dela muito melhorada e mais forte.” Santa Teresa d’Ávila

“Assim como necessitamos continuamente da respiração, assim também temos necessidade do auxílio de Deus; porém se queremos, facilmente podemos atraí-lo pela oração.” São João Crisóstomo

“Ora et Labora!”Reza e trabalha! São Bento
“Sabe viver bem quem sabe rezar bem.” Santo Afonso Maria de Ligório
“A oração consiste em tratar a Deus como um pai, um irmão, um Senhor e um Esposo.” Santa Teresinha
“Quem começou a rezar não deve interromper a oração, em que pesem os pecados cometidos.”
“Com a oração poderá logo soerguer-se, ao passo que sem ela ser-lhe-á muito difícil. Não deixe que o demônio o tente a abandonar a oração por humildade” Santa Teresinha

Podemos perceber então que tal distinção não fazia e nunca fez parte da vida religiosa dos santos e santas da Igreja, como então continuarmos com esse paralelismo que, até entre os católicos hoje existe? Basta parar de acreditar na primeira besteira que se ouve e buscar a Sabedoria da Igreja de dois mil anos, que tem todas as respostas necessárias.

Ainda neste contexto perceberemos que nem mesmo o Catecismo da Igreja Católica difere uma coisa da outra, pois ao utilizar ambas demonstra que não existe e nunca existiu diferentes significados, podendo assim serem usadas sem problema algum de cometer um dito “erro”, vejamos:

“A Oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus nos bens convenientes. De onde falamos nós, ao rezar?…” CIC 2559
“[...] Os Salmos alimentam e exprimem a oração do povo de Deus como assembléia, por ocasião das grandes festas em Jerusalém e cada sábado nas sinagogas. [...] Rezados e realizados em Cristo, os Salmos são sempre essenciais à oração de Sua Igreja.” CIC 2586
“A oração não se reduz ao surgir espontâneo de um impulso interior; para rezar é preciso querer. Não basta saber o que as Escrituras revelam sobre a oração; também é indispensável aprender a rezar, E é por uma transmissão viva (a Sagrada Tradição) que o Espírito Santo, na ‘Igreja crente e orante’, ensina os filhos de Deus a rezar.” CIC 2650
Fica evidente então a Sabedoria da Igreja e a Verdade que nela, através de Nosso Senhor, se expressa.
 

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