Ítalo Santos - |
GUARATINGUETÁ, 27 Nov. 14 / 05:25 pm (ACI).- “Se o jovem não perdoa aquilo que dói na história dele, ele não consegue se recuperar, sempre precisará de algo para anestesiar a grande dor que sente”, afirmou Ítalo Santos, que é responsável pelo Centro Masculino da Fazenda da Esperança, em Guaratinguetá (SP). Há oito anos ele entrou na fazenda como recuperando, venceu a luta e permanece como vocacionado, ajudando a salvar milhares de jovens que encontram na instituição um local para começar uma nova história.
“Quando acolhemos um jovem, a primeira coisa que nós queremos é entender a história dele, porque todos, sem exceção, tem um problema dentro de casa com alguém. Muitas vezes, a pessoa foi abusada, era espancada ou tinha droga e muita violência dentro de casa”, disse.
Para ele, a falta de estrutura familiar é a grande causa da dependência química, doença que cresce a cada dia.
“Nós somos uma comunidade terapêutica, não temos psiquiatras ou médicos 24 horas. Aqui nós ajudamos os jovens a mudarem seus valores. Temos uma metodologia terapêutica, nosso trabalho também é feito com a ajuda de psicólogos voluntários que fazem a abordagem direta do inconsciente, que é uma regressão sem hipnose, para ajudar o jovem a entender a sua vida intra-uterina, porque muitos traumas que vem de lá”, garantiu.
Ele afirmou que o trabalho específico da Fazenda da Esperança é transmitir o valor do Evangelho para o jovem.
“Uma vez que a pessoa se encontra com Deus, se converte e encontra novos valores, começa a mudar a sua mentalidade. Deus entra e a droga não tem mais vez. Mesmo tendo uma carga pesada ao longo de sua trajetória, a pessoa consegue se encontrar com Deus quando perdoa. Basicamente, a nossa preocupação de início com os meninos é essa”, afirmou.
Ítalo observou que quando a família participa do tratamento do ente querido, a chance de recuperação é muito maior.
“Tem muita família que precisa mais da terapia do que o jovem. Às vezes, o problema da drogadição está mais dentro de casa do que fora”, alertou.
O tratamento dura um ano e as pessoas permanecem por livre decisão, nada é obrigatório.
“Cerca de 60% das pessoas que entram na Fazenda da Esperança conseguem fazer o tratamento completo. Desses que não desistem e ficam durante um ano inteiro, 80% ficam de pé e conseguem se recuperar”, informou.
Ele ressaltou que a Fazenda da Esperança é uma porta aberta para uma mudança no estilo de vida, a preocupação não é apenas a questão do uso das drogas.
“Todos nós que trabalhamos na Fazenda da Esperança somos vocacionados, não cumprimos oito horas de serviço e vamos embora para casa. Vivemos um caminho de santidade junto com eles”. Os jovens percebem que quem cuida deles não são funcionários, mas sim pessoas que acreditam na santidade e que querem ser santas. Eu me prostituía há oito anos atrás. Vim do mundo das drogas, da promiscuidade e do tráfico”, testemunhou.
Segundo Ítalo, os jovens se surpreendem quando vêem uma pessoa que antes vivia as mesmas coisas que eles e que agora consegue seguir por um novo caminho.
“Quando eu me internei foi isso que me encantou. Saber que um ex-drogado cuidava de mim, isso me animou a dizer: ‘eu posso também’. É isso que dá esperança aos meninos”, afirmou.
A Fazenda da Esperança, fundada pelo Frei Hans Stapel, ofm, é responsável pelo seu auto-sustento. Recuperandos e vocacionados vivem juntos a espiritualidade do carisma na convivência fraterna, nos encontros de oração, lazer e no trabalho. Cada fazenda tem a sua vocação própria, que pode ser a fabricação de água sanitária e de madeira plástica, o artesanato, a plantação de hortaliças, a jardinagem etc. Hoje a Fazenda encontra-se presente em países da América do Sul e no México além de núcleos Europa, África e Ásia.
Informações: www.fazenda.org.br
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