31 março 2015

Quando termina a Quaresma? O que é o tríduo pascal?


Conheça melhor o sentido da liturgia para crescer espiritualmente

A Quaresma, caminho rumo à Pascoa da Ressurreição, começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na Quinta-Feira Santa, com a chamada “hora nona” da Liturgia das Horas.

Ou seja, dura até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive (carta apostólica Mysterii Paschalis, 28). O documento utiliza o termo “exclusive”, não “inclusive”. Então, a Quaresma não inclui a Missa da Ceia do Senhor.

Com esta missa, à tarde, começa o Tríduo Pascal, que é o coração do ano litúrgico. Não podemos esquecer que o costume judaico-cristão considera o início do dia desde a sua véspera; por este motivo, a Sexta-Feira Santa começa no final da Quinta-Feira Santa.

Na Missa da Ceia do Senhor, Ele antecipa sua paixão; por isso, na missa, se faz o memorial da morte e ressurreição de Jesus.

“O Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor começa com a missa vespertina da Ceia do Senhor, tem seu centro na Vigília Pascal e termina com as Vésperas do domingo da Ressurreição” (carta apostólica Mysterii Paschalis, 19).

A palavra “tríduo” sugere a ideia de preparação. Às vezes nos preparamos para a festa de um santo com três dias de oração em sua honra, ou pedimos uma graça especial mediante um tríduo de orações.

A Quaresma é preparação, e o Tríduo Pascal se apresenta não como um tempo de preparação, mas como uma só coisa com a Páscoa. O tríduo é uma unidade e precisa ser considerado como tal; nele se dá a totalidade do mistério pascal.

A unidade do tríduo está no próprio Cristo: quando Ele aludia à sua paixão e morte, nunca as dissociava da sua ressurreição.

O Evangelho fala delas em seu conjunto: “Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará” (Mt 20, 19).

A unidade do mistério pascal tem algo importante a nos ensinar: ela nos diz que a dor não somente é seguida pela alegria, mas que já a contém em si mesma.

O tríduo se refere também aos três dias aos quais Jesus se referiu quando disse: “Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias” (Jo 2, 19).

As diferentes fases do mistério pascal se estendem ao longo dos três dias, como em um tríptico: cada um dos três quadros ilustra uma parte da mesma cena; juntos, formam um todo. Cada quadro em si é completo, mas precisa ser visto em relação aos outros dois.


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30 março 2015

Servir, em latim, é “ministrare”. Daí vem a palavra “ministro”, aquele que serve - Dom Fernando Rifan



A AMBIÇÃO DO PODER E O PODER DA AMBIÇÃO

O lema da Campanha da Fraternidade desse ano – “Eu vim para servir” - foi tirado do discurso de Jesus sobre o modo de mandar, liderar e chefiar que ele desejava fosse adotado na sua Igreja: “Sabeis que os que são considerados chefes das nações as dominam e os seus grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deve ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10, 42-45).
       Jesus não está negando o poder que deve haver na hierarquia da sua Igreja, mas explicando o modo de exercê-lo. A modo de serviço. Servir, em latim, é “ministrare”. Daí vem a palavra “ministro”, aquele que serve. O sacerdote é ministro, servidor dos fiéis, o Bispo, ministro para os seus sacerdotes, isto é, servidor, e o Papa, desde tempos imemoriais, assina “servus servorum Dei”, servo dos servos de Deus. E Jesus nos deu o exemplo: “Sendo Deus por natureza, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo” (Fl 2, 6-7). E São Paulo pede que tenhamos esse mesmo sentir e pensar.
       Concomitante com a ambição do poder, existe a ambição de possuir. Infelizmente, nos ambientes religiosos, tem sido cultivada a teologia da prosperidade, que propaga a falsa ideia de que ser rico e próspero é ser abençoado por Deus, ser pobre é ser por ele amaldiçoado. A prosperidade é apresentada como prova de fidelidade a Deus. A Fé se torna um instrumento para se obter saúde, riqueza, sucesso e poder terrenos. Os males, as doenças a pobreza são produtos do Diabo. Deturpando, pois, o sentido verdadeiramente evangélico, essa teologia da prosperidade cultiva o individualismo e o interesse próprio, o oposto do verdadeiro cristianismo.
             Erradamente, reforçam sua tese dizendo que temos que viver como “filhos do Rei”, isto é, na prosperidade material. Transforma-se assim a religião em puro materialismo, falsamente baseado na Sagrada Escritura. É claro que não faltam citações que corroborem essa tese, mas todas do Antigo Testamento, não do Novo, que é a plenitude da Revelação.
            Jesus, o verdadeiro filho do Rei, Rei ele mesmo, veio “para servir”. Nasceu pobrezinho numa manjedoura em Belém, viveu humilde e pobre em Nazaré, numa família simples. Na sua vida pública, viveu sem bens materiais: “As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8, 20). “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6, 24). “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. E digo ainda: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt 19, 20).
        Não é condenável possuir riquezas, desde que honestamente.  O direito de propriedade é defendido por lei divina (7º Mandamento). Mas “sobre toda propriedade particular pesa sempre uma hipoteca social, para que os bens sirvam ao destino geral que Deus lhes deu” (São João Paulo II, 29-1-1979), ou seja, se se tem dinheiro é preciso usá-lo para o bem do próximo e da sociedade.  O que é reprovável é a desenfreada busca do dinheiro e a ambição de ficar rico. “A raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Por se terem entregue a ele, alguns se desviaram da fé e se afligem com inúmeros sofrimentos” (1Tm 6, 10). E, pior, querer usar da religião como meio de se enriquecer e prosperar.

 É uma visão, portanto, deturpada do cristianismo a teologia da prosperidade, com sua visão individualista e materialista, instrumentalizando a religião para benefício material próprio. O resumo da mensagem cristã é: “Não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura daquela está para vir” (Hb 13, 14).

De: domfernandorifan.blogspot.com.br

 


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27 março 2015

A cruz é sinal de morte? "Eu vi a cruz e eu pensei: ‘estou vivo!’”. História de um refém cristão de extremistas islâmicos




Eu fui um escravo cristão do Estado Islâmico


Ex-refém sírio relata o seu calvário nas mãos dos fanáticos terroristas

Eles sabiam que ele era cristão só por causa do nome. E eles não precisavam de mais nada para sequestrá-lo. "Seu nome é muito estranho", disseram os muçulmanos vestidos de preto ao conferirem a sua identidade.
"Naquele instante, eu vi que eles perceberam que eu era cristão".

Ele conta a sua história angustiante de forma anônima para a jornalista Sulome Anderson, da revista New York. A entrevistadora é filha do também jornalista Terry Anderson, que foi mantido refém no Líbano durante sete anos.

Nosso cristão anônimo ia do Líbano para a Síria, a fim de visitar a família, e passou sem problema algum por quinze postos de controle do exército sírio. Mas quando topou com o Conselho Mujahideen Shura, um grupo que mais tarde se juntou ao Estado Islâmico, a sorte acabou. Ele e outros viajantes foram vendados, acorrentados, torturados, submetidos a choques elétricos. Alguns foram fuzilados. Outros foram usados como parte do plano do grupo para obter dinheiro, exigindo resgate das famílias dos reféns. Os cristãos foram escolhidos especificamente por causa da sua religião.

Quanto aos sequestradores, o ex-refém cristão considera:
 
“Eles sofreram uma lavagem cerebral. A única coisa que eles sabem é que existe um homem que se proclama emir, um homem que está acima deles. Não é Baghdadi [o líder máximo do Estado Islâmico]. Há muitos níveis de emires. Qualquer coisa que esses emires disserem, os militantes fanáticos vão acreditar que é verdade. E os emires dizem: ‘Deus manda você ir e matar’. Como eu sou cristão, eles me diziam: ‘Você matou muçulmanos nas cruzadas’. Outro me disse que eu era do exército do papa e que eu tinha matado muçulmanos na Espanha. Nós tentávamos dizer que isso não é verdade, que nós não somos isso. Nós sempre vivemos ao lado de muçulmanos em paz. Trabalhamos juntos, gostamos uns dos outros. Mas essas pessoas querem que o mundo seja como eles e matam qualquer um que não é”.

A família do refém conseguiu juntar os 80.000 dólares do resgate. Quando os captores “nos jogaram nas ruas de Aleppo... Ah, meu Deus, foi a sensação mais maravilhosa que eu já tive”, relata ele.
 
“Havia soldados do Exército Livre da Síria. Corremos até eles e eles nos levaram para uma igreja. Eu vi a cruz e eu pensei: ‘estou vivo!’”.

O que este homem contou sobre a atual situação em seu país é revelador e triste:
 
“Parece que isso não vai acabar. Eu acho que Bashar al-Assad não vai a lugar nenhum. Já faz quatro anos e ele ainda está lá. Eu não me importo com Assad. Ele não é um homem bom. Mas antes disso tudo, a Síria era um lugar lindo. Você, que é mulher, podia ir a qualquer lugar em toda a Síria de dia ou de noite e passar por cada posto de controle e ninguém iria incomodá-la. Isso nunca seria possível agora. Nós viramos um Iraque. Saddam não era bom, mas era melhor do que aquilo que aconteceu depois. E ninguém pode fazer o Iraque voltar a ser o que ele era. O povo sírio dizia que queria liberdade. Isto não é liberdade. Isto é o caos”.

De: aleteia.org


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26 março 2015

Por que Cristo se angustiou diante da morte?



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo João (Jo 12, 20-33)


Enquanto a Paixão nos Evangelhos Sinóticos se inicia basicamente com a agonia de Cristo no Horto das Oliveiras, o Evangelho de São João não narra a agonia do Horto, senão nestes dois breves versículos: "Agora sinto-me angustiado. E que direi? 'Pai, livra-me desta hora?' Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome!" (Jo 12, 27-28).

A Primeira Leitura se refere ao mesmo episódio, quando narra que "Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte" (Hb 5, 7). De fato, no Horto das Oliveiras, a alma de Cristo já agonizava, antes que começasse o Seu sofrimento físico. São Marcos, por exemplo, detalha que Cristo "começou a sentir pavor e angústia" e "uma tristeza mortal" (cf. Mc 14, 33s). São Lucas, por sua vez, chega a dizer que "seu suor tornou-se como gotas de sangue que caíam no chão" (Lc 22, 44).

À vista disso, cabe perguntar como é possível que Nosso Senhor, sendo Deus, tenha enfrentado tamanha angústia diante da morte. Não era mais conveniente que Ele passasse por tudo com impavidez, imperturbabilidade e ataraxia? Por que ficou tão angustiado diante da morte o próprio Filho de Deus?

Santo Tomás de Aquino, em um de seus muitos comentários a essa passagem da vida do Verbo, escreve que "Christus elegit tristitiam, inquantum utilis erat ad redemptionem humani generis – o Cristo escolheu a tristeza enquanto era útil para a redenção do gênero humano" [1]. Foi esta a causa final do Seu sofrimento: a salvação da humanidade. Cada lágrima que Ele chorou e cada gota de sangue que suou estavam repletas da eficácia de Sua redenção. Impassível no Céu, Deus Se fez homem para sofrer e demonstrar o Seu grande amor pelo gênero humano.

Ainda o Doutor Angélico, ao falar da dor física de Nosso Senhor, explica que "a extensão do sofrimento pode ser considerada pela sensibilidade do paciente". O fato de Ele possuir "uma ótima compleição física (optime complexionatus)" fazia com que fosse "acutíssimo nele o sentido do tato (maxime viguit sensus tactus), com o qual se percebe a dor" [2]. Esse fato mostra por que, ainda que haja torturas piores do que a crucificação, a dor de Nosso Senhor foi a maior que qualquer homem jamais sofreu na face da Terra.

Ao elencar uma das causas da dor de Cristo, o Aquinate menciona inclusive "a perda da vida corporal, que por natureza é horrível à condição humana" [3]. Ora, como foi isso? Como podia ser que "a perda da vida corporal", aparentemente tão esperada pelos santos – lembre-se, por exemplo, de Santa Teresa, que morria por não morrer [4], ou de São Paulo, para quem viver era Cristo e morrer era lucro (cf. Fl 1, 21) –, fosse causa de repugnância a Nosso Senhor?

"É próprio do homem virtuoso amar a sua vida", ensina o mesmo Tomás. "O Cristo foi virtuosíssimo. Logo, amou a sua vida de modo superlativo (maxime suam vitam dilexit). Por isso, a dor pela perda de sua vida foi máxima" [5]. Os santos só ansiavam a morte porque queriam estar com Deus, mas a morte, em si mesma, é objeto de repugnância para qualquer homem sadio. Os mártires da Igreja, por exemplo, morreram não porque odiavam a vida presente, mas porque amavam a Deus e sabiam que isto valia mais do que a sua própria existência neste mundo (cf. Sl 62, 4). Nas palavras do Evangelista, "quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna" (Jo 12, 25).

Aqui reside a grande diferença entre um suicida e um mártir, entre um homem-bomba e um santo católico. Como diz G. K. Chesterton:
"Um mártir é um homem que se preocupa tanto com alguma coisa fora dele que se esquece de sua vida pessoal. Um suicida é um homem que se preocupa tão pouco com tudo o que está fora dele que ele quer ver o fim de tudo. Um quer que alguma coisa comece; o outro, que tudo acabe. (...) Este homem [o mártir] jogava fora a sua vida; ele era tão bom que seus ossos secos podiam curar cidades durante a peste. Aquele homem [o suicida] jogava fora a sua vida; ele era tão mau que seus ossos poluiriam os de seus irmãos." [6]

Nosso Senhor, porém, continua Tomás,
"Sofreu não apenas pela perda da própria vida corporal, mas também pelos pecados de todos os homens. Dor essa que nele excedeu todas as dores de qualquer pessoa contrita, seja porque proveniente de uma sabedoria e caridade maiores, que fazem aumentar a dor da contrição, seja também porque foi uma dor por todos os pecados ao mesmo tempo, conforme está em Is 53, 4: 'Na verdade, são os nossos sofrimentos que ele carregou'." [7]

Para realizar a Sua missão, a Pessoa Divina de Cristo deu ao seu conhecimento humano um modo divino de conhecer os homens e ver os seus pecados. Por isso, Jesus, no Getsêmani, se angustiava profundamente, vendo como as faltas dos homens ofendiam o coração de Deus. Assim também procedia São Domingos de Gusmão, que, tendo recebido "o dom de uma caridade imensa", "permanecia na igreja dia e noite sem descanso, entregue à oração" e chorando "pelos pecadores, pelos aflitos e desgraçados"[8].

Neste Domingo, tomemos a resolução de amar a Deus muito mais do que a nossa vida, abraçando a Sua vontade, ainda que isso cause a dissolução de nosso composto, corpo e alma. Coloquemos também diante d'Ele o desejo de reparar os nossos pecados e consolar o Seu coração. No Horto, enquanto agonizava, "apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia" (Lc 22, 43). Sejamos como esse anjo e consolemos o coração de Nosso Senhor com nossas penitências e com o nosso amor.

Pe. Paulo Ricardo

Fonte: Christo Nihil Praeponere

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25 março 2015

25 de Março - Anunciação do Anjo à Virgem Maria



A visita do Arcanjo Gabriel à Virgem Maria, quando esta se encontrava em Nazaré, cidade da Galiléia, marca o início de toda uma trajetória que cumpriria as profecias do Velho Testamento e daria ao mundo um novo caminho, trazendo à luz a Boa Nova. Ali nasceu também a oração que a partir daquele instante estaria para sempre na boca e no coração de todos os católicos: a Ave Maria.

Maria era uma jovem simples, noiva de José, um carpinteiro descendente direto da linhagem da casa de Davi. A cerimônia do matrimônio daquele tempo, entretanto, estabelecia que os noivos só teriam o contato carnal da consumação depois de um ano das núpcias. Maria, portanto, era virgem.

Maria perturbou-se ao receber do anjo o aviso que fora escolhida para dar a luz ao Filho de Deus, a quem deveria dar o nome de Jesus, e que Ele era enviado para salvar a Humanidade e cujo Reino seria eterno. Sim porque Deus, que na origem do Mundo Criou todas as coisas com sua Palavra, desta vez escolheu depender da palavra de um frágil ser humana, a Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Redentor da Humanidade.

Ela aceitou sua parte na missão que lhe fora solicitada, demonstrando toda confiança em Deus e em Seus desígnios, para o cumprimento dessa profecia e mostrou porque foi ela a escolhida para ser Instrumento Divino nos acontecimentos que iriam mudar o destino da Humanidade.

Ao perguntar como poderia ficar grávida, se não conhecia homem algum e receber de Gabriel a explicação de que seria fecundada pelo Espírito Santo, por graças do Criador, sua resposta foi tão simples como sua vida e sua fé: "Sou a serva do Senhor. Faça-se segundo a Sua vontade".

Com esta resposta, pelo seu consentimento, Maria aceitou a dignidade e a honra da maternidade divina, mas ao mesmo tempo também os sofrimentos, os sacrifícios que a ela estavam ligados. Declarou-se pronta a cumprir a vontade de Deus em tudo como sua serva. Era como um voto de vítima e de abandono. Esta disposição é a mais perfeita, é a fonte dos maiores méritos e das melhores graças. O momento da Anunciação, onde se dá a criação, na pessoa de Maria como a Mãe de Deus, que acolhe a divindade em si mesma, contém em si toda a eternidade e, nesta, toda a plenitude dos tempos.

Por isso a data de hoje marca e festeja este evento que se trata de um dos mistérios mais sublimes e importantes da História do homem na Terra: a chegada do Messias, profetizada séculos antes no Antigo Testamento. Episódio que está narrado em várias passagens importantes do Novo Testamento.

A festa da Anunciação do Anjo à Virgem Maria, Lc 1,26-38, é comemorada desde o Século V, no Oriente e a partir do Século VI, no Ocidente, nove meses antes do Natal, só é transferida quando coincide com a Semana Santa.

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    REZE OS MISTÉRIOS GOZOSOS



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24 março 2015

Família, escola de ternura



Muitos afirmam ter Deus e a família em primeiro lugar, mas, na prática, acabam investindo mais tempo e recursos em outros elementos

É importante aprender a construir sobre rocha nossos anseios mais nobres, para que não acabem como projetos de poucos períodos da vida. Refiro-me a todos aqueles planos que fazemos na cabeça, mais que no coração, e que finalmente são dispersos pelo tempo.

Eu gostaria de refletir sobre projetos que incluam o perdão e a restauração familiar. Não existe instituição sobre a terra que mereça mais atenção que a família. É nela que Deus começou uma história de salvação e de amor por cada um de nós; é nela que, apesar de todas as suas deficiências, experimentamos a ternura de Deus; e é nela, portanto, que devemos fazer nossos maiores investimentos de tempo e afetos.

É importante diferenciar o que se quer do que se ama e do que se pode fazer. Um dos aspectos que precisamos analisar, neste sentido, é o tempo investido em casa. Muitas vezes usamos como desculpa o excesso de trabalho para não estar em família, apoiando-nos na ideia de poder deixar aos filhos um legado econômico que lhes garanta o futuro. Isso é uma falácia, pois a fortuna material não produz a estabilidade e a qualidade de vida que todos querem ter e defender.

Pensemos em todos aqueles membros da família com quem precisamos nos reconciliar, e incluamos em nossos projetos a construção de uma nova oportunidade de amor, perdão, ternura. É importante tomar a decisão partindo da força de vontade, não dos caprichos pessoais.

É preciso compartilhar melhores espaços e momentos com a família, até que tais momentos se tornem sagrados para cada um dos seus membros, levando-os a adiar as demais atividades em prol do lar e do fortalecimento dos vínculos afetivos.

Pais que não dão carinho aos seus filhos dificilmente terão acesso ao seu coração. Que o trabalho não se torne uma desculpa para deixar de abraçar, beijar, acariciar o cônjuge e os filhos; que o dinheiro não se torne um paliativo para os momentos de solidão; e que a ternura esteja em primeiro lugar.

Este é um verdadeiro projeto de vida em comum. Todo o resto (casa, trabalho, lazer) é importante, mas está em segundo lugar na escala de valores do que deve ser realmente indispensável para todos.

Precisamos revisar essa escala de valores que temos em nossa cabeça, perguntando-nos se ela está enraizada no coração, porque o problema não está naquilo em que achamos que nos importa, mas no que verdadeiramente nos importa.

Não conheço ninguém que não diga que Deus e a família estão em primeiro lugar, mas, na prática, estes dois elementos acabam ficando em um segundo plano, depois de outros nos quais se investe mais tempo e mais dinheiro.

A felicidade não está longe; dela fazem parte pessoas e situações que muitas vezes não valorizamos tanto, porque colocamos nosso coração naquilo que pode trazer algum prazer momentâneo.

A família é uma instituição sagrada, um recinto no qual aprendemos a ternura e o amor, um espaço no qual conhecemos o amor de Deus e aprendemos a amá-lo e respeitá-lo. A família talvez seja o único e verdadeiro tesouro que possuímos na terra, pois, ainda que seja verdade que não levamos nada desta vida, é nela que ficamos.


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23 março 2015

Católico e protestante debatem em avião



Em voo rumo ao Rio, um jovem católico se assenta ao lado de um senhor protestante. Não demora muito para que os dois, respeitosamente, entrem em choque.


Em um voo para o Rio de Janeiro, um jovem católico se assenta ao lado de um senhor protestante. Ambos estão vestidos simples e modestamente: camisa por dentro da calça social e sapatos pretos. Trocam breves cumprimentos, afivelam seus cintos, enquanto os demais passageiros se aconchegam em suas poltronas. O piloto inicia os procedimentos para decolagem, e as aeromoças dão as instruções para a segurança dos tripulantes. "Desliguem todos os seus equipamentos eletrônicos; coloquem suas poltronas na posição vertical", pede uma delas, falando ao microfone. Sentindo que a aeronave já estava no ar, o rapaz católico traça o sinal da cruz, sob o olhar surpreso do senhor protestante.
— Você é católico? — pergunta o senhor, dando início a um colóquio sobre imagens, santos, Maria, celibato etc.
— Sim, sou — responde o jovem.
— Como vocês, católicos, podem adorar imagens, se no livro de Êxodo, capítulo 20, Deus o proíbe?
— Deus não proíbe as imagens, mas a idolatria. Em Êxodo, 25, duas páginas à frente do capítulo que o senhor mencionou, Deus pede a Moisés que faça duas imagens de Querubins para a Arca da Aliança. — E o católico prossegue: — Ora, Deus não é esclerosado. Nós, católicos, temos imagens como um ícone, um sinal que nos remete para os céus. Num tempo de tanto ateísmo, as imagens são muito importantes para nos lembrar da existência de Deus.
— Não concordo com isso — rebate o protestante —, assim como não concordo com o celibato dos padres. Pedro se casou, você sabia?
— Sim, mas Pedro, como vocês, protestantes, costumam dizer, não é o caminho, a verdade e a vida. Esse caminho é Jesus. E Ele não se casou. Os padres seguem o exemplo de Cristo.
— Mas, quanto a Maria — insiste o senhor —, Jesus disse que todo aquele que faz a vontade do Pai é seu irmão e sua mãe.
Todos os anos, na festa da Apresentação de Nossa Senhora, a Igreja proclama justamente esse Evangelho, pois se trata de um elogio de Jesus a sua Mãe. Mais do que todos, Ela é a "bem-aventurada porque acreditou", a que realmente soube cumprir a vontade do Pai (cf. Lc 1, 45). Antes de ser Mãe de Jesus na carne, ela foi Mãe na fé. O Espírito Santo diz pela boca de Santa Isabel: "A que devo a honra de vir a mim a Mãe de meu Senhor?" (Lc 1, 43). Jesus não contradiz o Espírito Santo.
Ainda não satisfeito com as explicações do jovem, embora extremamente surpreendido com o conhecimento bíblico que ele demonstrara, o protestante acusa:
— Essa é a interpretação da sua Igreja. Infelizmente, a Bíblia pode ser interpretada de várias formas.
— Concordo com o senhor — torna a responder o católico, pronto para finalizar a disputatio —, mas a livre interpretação da Bíblia foi algo inventado por Martinho Lutero, o fundador da sua religião. Nós, católicos, seguimos a Tradição Apostólica. Cremos naquilo que os cristãos sempre acreditaram, não em fábulas de homens quaisquer.
A conversa estende-se por mais alguns minutos. Vendo a eloquência dos argumentos católicos, o protestante "baixa a guarda", por assim dizer, a fim de prestar atenção às palavras daquele jovem que demonstrava tanta convicção em sua fé, que falava com tanto amor da Virgem Maria, dos santos e, sobretudo, de Jesus Cristo. De repente, a Igreja Católica já não parecia o monstro pintado pelos pastores evangélicos. O debate agora era uma conversa entre aluno e catequista. O protestante queria conhecer aquela beleza escondida, o patrimônio cristão de séculos, amputado pela ruptura luterana.
De fato, no imaginário protestante comum, a Igreja Católica é, na melhor das hipóteses, uma Igreja como as demais, não a unica Christi Ecclesia, como reafirmou o Concílio Vaticano II [1]. Desde cedo, por causa de um proselitismo demasiado agressivo, muitos evangélicos são ensinados a considerar a religião católica uma seita, uma espécie de sincretismo pagão. Ademais, é-se criado um estereótipo. Por isso, certa feita, disse mui acertadamente o venerável Fulton Sheen: "Talvez não haja nos Estados Unidos uma centena de pessoas que odeiem a Igreja Católica; mas há milhões de pessoas que odeiam aquilo que erroneamente supõem ser a Igreja Católica." O senhor protestante odiava uma falsa Igreja Católica; odiava o espantalho, porque desconhecia o corpo verdadeiro. Posto, no entanto, diante da verdadeira fé cristã, não pôde senão exprimir sua perplexidade. O castelo de cartas havia ruído. Embaraçado com a descoberta, o senhor protestante questiona o jovem católico:
— Vejo que você é um rapaz que ama a Jesus Cristo, que dedica sua vida à Igreja. Você é diferente da maioria dos católicos que conheci. Gostaria de entender, então, por que grande parte dos católicos são relaxados. Digo, por que vão à missa mal vestidos, as mulheres com decotes e minissaias, os rapazes com bermudas ou as calças caídas, se lá está presente Jesus, como você me explicou? Nós, protestantes, sempre vamos ao culto com boas roupas, bem vestidos, pois queremos entregar nosso melhor para Deus. Por que essa diferença?
Silêncio na aeronave. Agora era a vez do jovem católico abaixar a cabeça em sinal de lamentação. Que poderia responder ele? Que poderia dizer em favor de seus irmãos católicos? Acaso não era verdade — para nossa vergonha — o que o senhor protestante observara?
— Os doze apóstolos — respondeu o jovem, depois de pensar um pouco — testemunharam por três anos a pregação, os milagres e, principalmente, o amor de Cristo pelo homem. Na cruz, no entanto, restaram umas poucas mulheres e apenas um apóstolo. Um discípulo o traiu, outro ainda o negou, e os nove demais se esconderam por medo… A Igreja de ontem se parece muito com a Igreja de hoje. É forçoso reconhecer, mas, mesmo nos maus exemplos, ela é apostólica.
O diálogo entre esses dois personagens elucida muito bem a situação em que muitos cristãos, sejam católicos, sejam protestantes, se encontram hoje. Já falamos, ao menos um pouco, das razões que levam os evangélicos a se afastarem do catolicismo. A propaganda hostil contra a Igreja, com base na famosa falácia do espantalho — isto é, a criação de uma caricatura para substituir o que é original —, é uma delas. Mas seria bastante desonesto culpar somente o proselitismo pela evasão de fiéis. Na história do cristianismo, o contra-testemunho sempre foi uma pedra de tropeço. É preciso, por isso, um mea culpa.
Existe uma tendência dentro da Igreja, hoje em dia, de se reduzir a espiritualidade a alguns chavões bonitos, mas vazios. Certa filosofia da calça jeans, por exemplo, tem feito muitos confundirem a Celebração da Santa Missa com a barraca de peixe da feira. Vai-se à Eucaristia como se se tratasse de algo qualquer, sem o devido decoro ou a mínima reverência. Jovens que rezam e zelam pela casa de Deus são achincalhados e segregados em suas comunidades. Performances de dança e peças de teatro encenadas na frente do Santíssimo, ao contrário, são consideradas expressões da universalidade. Um jovem de roupa social é "careta", outro, mostrando a roupa de baixo, é "descolado". A lista de contradições é comprida e cansativa. Sem mais delongas, recordemos o que São Paulo insistentemente ensinava: "Os que exercem bem o ministério, recebem uma posição de estima e muita liberdade para falar da fé em Cristo Jesus" (1 Tm 3, 13). Nada mais que o óbvio. Se os ateus, os agnósticos, os protestantes etc. não enxergarem a piedade e o zelo dos católicos pelo bem mais sublime da fé, como poderão crer?
Falta formação. Apascentar as ovelhas de Cristo com a ciência e a doutrina (cf. Jr 3, 15). Lembrar-se de que além de mãe, a Igreja é mestra. Mater et Magistra, como dizia São João XXIII. Os maus exemplos visíveis em tantas comunidades são, na sua maioria, decorrentes da falta de conhecimento. Seria simples farisaísmo responsabilizar o laicato por tais abusos, quando muitos deles são feitos com a reta intenção de agradar a Deus. Não, a responsabilidade é de outro departamento. É serviço do clero ensinar a fé e a moral, segundo a Tradição. É serviço dos padres abrir os tesouros da Igreja para todos. Quem tem acesso a esse conteúdo, por conseguinte, não só muda de vida, como também contribui para o crescimento espiritual dos demais. Cria-se um círculo virtuoso. E ainda que custe o descanso e o tempo, só assim se formam "pastores com o 'cheiro das ovelhas', pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens" [2]. Vale recordar o que diz o Concílio Vaticano II, acerca da missão dos bispos:
"No exercício do seu múnus de ensinar, anunciem o Evangelho de Cristo aos homens, que é um dos principais deveres dos Bispos, chamando-os à fé com a fortaleza do Espírito ou confirmando-os na fé viva. Proponham-lhes na sua integridade o mistério de Cristo, isto é, aquelas verdades que não se podem ignorar sem ignorar o mesmo Cristo. E ensinem-lhes o caminho que Deus revelou para ser glorificado pelos homens e estes conseguirem a bem-aventurança eterna." [3]
Não se está exigindo — atentem-se — nem o uso de véus, nem de saias, nem a comunhão de joelhos, tampouco missas em latim. Essa não é a questão. Apenas se faz um chamado ao bom senso. Salta aos olhos a indiferença que dia sim, dia também, se faz presente em tantas paróquias. Em alguns casos, torna-se mesmo difícil distinguir entre uma matinée e uma Missa, dada a quantidade de pirotecnia, firulas e vestimentas, no mínimo, indecorosas presentes na celebração.
A Igreja Católica é a mais sublime de todas as instituições porque é a perpetuação da encarnação de Cristo na Terra. Mas, para um protestante acostumado a imaginar o espantalho construído por seu pregador, o mau exemplo de tantos católicos torna quase impossível o encontro dessa verdade. Para cada espantalho filosófico, há uma porção de espantalhos ambulantes.

Por
Equipe Christo Nihil Praeponere

De: padrepauloricardo.org 

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20 março 2015

Papa Francisco e o orgulho de ser Católico


No dia 13 de março de 2013, da varanda da Basílica de São Pedro, o Cardeal Tauran disse: ‘Habemus Papam'; e que ‘José Mario cardenal Bergoglio’ era o novo pontífice com o nome de Francisco. Daquele então até hoje mudou algo na Igreja?, Qual é a percepção e a realidade? ZENIT perguntou para o correspondente espanhol na Itália, que não faz descontos ao Vaticano, Pablo Ordaz, do jornal El País, que tem sido um correspondente no México, América Central e Caribe, e cujas respostas compartilhamos com os nossos leitores.
ZENIT: Desde o começo do pontificado do Papa Francisco, você acha que algo mudou na imagem da Igreja?
- Pablo Ordaz: Com certeza. Tanto do ponto de vista dos católicos como do resto da opinião pública. Não podemos nos esquecer que faz só dois anos que o Vaticano estava imerso em guerras de poder que levaram à fuga de documentos do caso Vatileaks, à detenção do mordomo de Bento XVI, à demissão descarada do chefe do IOR, aos escândalos contínuos de pederastia, à renúncia de Joseph Ratzinger… Em um tempo recorde, Jorge Mario Bergoglio conseguiu que os católicos, na sua grande maioria, voltassem a se sentir orgulhosos da sua Igreja – é só olhar para a Praça de São Pedro cada quarta-feira e cada domingo ou o interesse que causam as suas viagens – e que líderes mundiais como Barack Obama tenham vindo a Roma para visita-lo e dizer: “É necessário escutar o Papa”. A sua mensagem social em um momento de crise e sofrimento para muitas pessoas em todo o mundo está chegando com força.
ZENIT: Tem sido somente uma mudança de imagem ou foram mudanças reais?
- Pablo Ordaz: Eu acho que o segundo está ligado ao primeiro. Após aquela frase de abertura de seu pontificado – “como eu gostaria de ter uma Igreja pobre para os pobres” – Bergoglio está tentando, embora não sem resistência interna, lançar luz sobre as tradicionais escuras finanças vaticanas, racionalizar gastos, contagiar a Cúria e as diversas congregações, do seu estilo simples de vida, ir à busca dos feridos – divorciados recasados, novos casais, gays… – em vez de ficar protegido na comodidade. Mas, não é fácil. A inércia de muitos séculos nos contemplam e é mais simples acostumar-se a ser rico do que a ser pobre… como também não é fácil que depois de décadas olhando para outro lado, a Igreja, em seu conjunto, esteja se convencendo de que a “tolerância zero” é a única resposta à pederastia. Embora tarde, começa-se a dar passos nesse sentido.
ZENIT: Como você acha que isso foi vivido no Vaticano?
- Pablo Ordaz: Muitos ainda não se recuperaram da surpresa. Não tanto da surpresa de ver na varanda aparecer um Papa vindo do fim do mundo, com sapatos gastos, uma cruz de prata e pedindo para fieis reunidos em São Pedro que rezassem por ele, mas da surpresa de que não se tratasse só de gestos, pura propaganda, maquiagem para cobrir as feridas… Já não há dúvida de que Bergoglio está disposto a muda a Igreja para sempre, que sabe que tem pouco tempo e que, portanto, vai fazê-lo custe o que custar e doa a quem doer. Perante isso, só existem duas opções, ou ajuda-lo na empresa ou expor-se a ser arrastado pelo furacão. Está claro que existem resistências – e aí estão os vazamentos dos últimos dias sobre as supostas extravagâncias do Cardeal George Pell – , mas, acho que, no geral está conseguindo o que quer.
ZENIT: De vez em quando o Papa usa palavras e imagens claras, mas politicamente incorretas. Como você vê isso?
- Pablo Ordaz: Dizia o escritor Ennio Flaiano que, na Itália, a linha mais curta entre dois pontos é o arabesco. A Igreja oficial, tão vinculada à Itália para o bom e para o mal, abusou muito do arabesco, das mensagens cifradas, para dirigir-se aos fieis. O resultado foi, muitas vezes, um corte de comunicação, uma distância intransponível entre os doutores da Igreja e os católicos a pé. O resultado – ou um deles – pode ver-se na fuga, especialmente na América, de centenas de milhares de católicos para outras confissões. Bergoglio prefere falar cara a cara, dar-se a entender, sair do roteiro, apelar para a emoção quando fala das mães que perdem os seus filhos no mar de Lampedusa e até mesmo critica abertamente quando fala da cara de enterro ou da vida mundana de alguns sacerdotes e freiras. E, às vezes, alguma dessas suas frases, analizadas de forma isolada, sem o contexto apropriado ou o filtro do politicamente correto, podem causar polêmica. Mas, tenho a impressão de que Francisco prefere errar e chegar nas pessoas do que elaborar discursos frios e distantes.
ZENIT: O Papa Francisco fala muito de Jesus, das parábolas do Evangelho…
- Pablo Ordaz: Sim, me chama muito a atenção de que os discursos do Papa – cuja cópia original nos envia a secretaria de imprensa do Vaticano – estejam cheios de referências constantes às escrituras. No outro dia eu contei 22 em uma homilia de duas páginas e meia. Recentemente me dizia uma amiga sua argentina que Bergoglio é um grande conhecedor da Bíblia e que nunca lê um texto que não tenha sido trabalhado e escrito por ele mesmo. Mas, além do mais, eu suspeito que o faça para eliminar qualquer dúvida, de dentro: quer deixar claro que a Igreja que ele sonha e prega – a da periferia, a dos pastores com cheiro de ovelha – não é outra que a das origens. Que em vez de uma teoria nova o que está fazendo é tirar os escombros de cima do discurso das origens.
ZENIT: Que outras considerações poderia fazer sobre estes dois anos de pontificado?

- Pablo Ordaz: Existe um resultado claro. Independentemente de que o papa Francisco seja mais agradável para uns do que para outros, o que sim fica claro é que colocou a Igreja no centro do debate em todo o mundo. A sua mensagem é escutada pelos de dentro e os de fora e, além disso, está utilizando a poderosa maquinária diplomática do Vaticano para mediar conflitos como o do Oriente Próximo ou a exitosa aproximação entre EUA e Cuba. As vezes é preciso distanciar-se de um quadro para ter a visão mais nítida, e as pequenas guerras de poder que continuam existindo no Vaticano são “peccata minuta” em comparação com todos os aspectos interessantes do ainda curto pontificado de Jorge Mario Bergoglio.


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19 março 2015

19 de março - Hoje é dia de São José






Assista sobre o grande papel que assumiu São José junto ao menino Jesus e a Maria, e o quanto essa união deu a ele uma fé e uma espiritualidade inigualável.

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18 março 2015

A primeira Via-Sacra da História



Antes mesmo de a Paixão se completar, Maria Santíssima percorreu os locais onde Jesus teve algum sofrimento especial, recolhendo, como se fossem pedras preciosas, os inesgotáveis méritos d'Ele.
Durante todo o tempo em que os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, junto com a turbamulta atiçada por eles, bramiam perante o Pretório de Pilatos, exigindo a libertação de Barrabás e a crucifixão de Jesus, onde Se encontrava sua Mãe Santíssima?
A esta pergunta, os Evangelistas não dão resposta, e as almas devotas de Maria, ao meditar sobre a Paixão do Divino Redentor, sentem a necessidade de preencher esse vácuo. A Bem-aventurada Ana Catarina Emmerich — religiosa agostiniana alemã, falecida em 1824 e beatificada por São João Paulo II em outubro de 2004 — satisfaz esse legítimo anseio com suas famosas visões sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Delas extraímos, com as necessárias adaptações, o relato a seguir.1

Antes mesmo de a Paixão se completar
Narra a Bem-aventurada que, enquanto se desenrolavam os sucessivos episódios do julgamento, a Mãe de Jesus, com Maria Madalena e o Apóstolo João, permaneciam num canto da praça, observando e escutando, submersos em profunda dor. E quando Jesus foi conduzido ao Pretório de Pilatos, a Santíssima Virgem, junto com João e Madalena, saíram para percorrer todos os lugares onde Ele havia estado desde sua prisão.
Voltaram, assim, à casa de Caifás, à de Anás, ao Jardim do Getsêmani e ao Horto das Oliveiras. Em todos os lugares onde Nosso Senhor havia caído ou havia sido submetido a algum sofrimento especial, detinham- -se em silêncio, choravam e sofriam por Ele. Mais de uma vez, a Virgem das virgens prosternou-Se e osculou a terra no local onde caíra seu Filho. Madalena contorcia as mãos, João chorava e procurava proporcionar- -lhes algum consolo. Depois as conduzia para outro lugar.
Iniciou-se por esta forma a devoção da Via-Sacra e das honras prestadas aos mistérios da Paixão de Jesus, antes mesmo de esta se completar. Foi na mais santa flor da humanidade, na Mãe virginal do Filho do Homem, que começou a meditação da Igreja sobre as dores do Redentor Divino.
Oh, que compaixão! Com que violência o gládio cortante e perfurante transpassou seu Coração! Ela, cujo bem-aventurado corpo O carregara, cujos bem-aventurados seios O amamentaram, que O concebera e guardara durante nove meses sob o seu Coração cheio de graça, que O portara e O sentira viver em Si antes de os homens receberem d'Ele a bênção, a doutrina e a salvação, Ela compartilhava todos os sofrimentos de Jesus, inclusive seu ardente desejo de resgatar os homens pelos seus padecimentos e sua Morte na Cruz.
Foi assim que a Virgem pura e sem mancha inaugurou para a Igreja a devoção do Caminho da Cruz, para recolher em todos os lugares desse bendito trajeto, como se fossem pedras preciosas, os inesgotáveis méritos de Jesus Cristo e oferecê- los a Deus Pai em benefício de todos os fiéis.
Tudo quanto houve e haverá de santo na humanidade, todos os homens que suspiraram após a Redenção, todos os que celebraram com respeitosa compaixão e com amor os sofrimentos de nosso Salvador, faziam com Maria o Caminho da Cruz, afligiam-se, oravam, ofereciam- se em holocausto no Coração da Mãe de Jesus, a qual é uma terna Mãe também para todos os seus irmãos unidos pela mesma Fé no seio da Santa Igreja.

Arrependimento da Madalena e sofrimentos de João
Madalena estava como que fora de si, pela violência da dor. Tinha um imenso e santo amor a Jesus. Quando, porém, desejava verter sua alma a seus divinos pés, como derramara o óleo aromático de nardo sobre sua cabeça, via abrir-se um horroroso abismo entre ela e seu Bem-amado. Sentia um arrependimento e uma gratidão sem limites, e quando queria elevar para Ele seu coração, como o perfume do incenso, via Jesus maltratado, conduzido à morte, por causa dos pecados por ela cometidos.

Causavam-lhe então profundo horror essas faltas pelas quais Jesus tanto tinha a sofrer. Ela se precipitava no abismo do arrependimento, sem poder esgotá- -lo nem preenchê-lo. Sentia-se de novo arrastada por seu amor a seu Senhor e Mestre, e O via entregue aos mais horríveis tormentos. Assim, sua alma estava cruelmente dilacerada entre o amor, o arrependimento, a gratidão, a contemplação da ingratidão de seu povo, e todos esses sentimentos exprimiam-se em seu modo de andar, suas palavras, seus gestos.
O Apóstolo João amava e sofria. Pela primeira vez, ele conduzia a Mãe de seu Mestre e de seu Deus, que também o amava e por ele sofria, sobre esses traços do Caminho da Cruz ao longo do qual a Igreja deveria segui-La.

"Se for possível, afaste-se este cálice"
Muito embora soubesse bem que a Morte de Jesus era o único meio de redimir o gênero humano — explica a Beata —, Maria estava cheia de angústia e desejo de livrá-Lo do suplício.
Da mesma forma como Jesus — feito Homem e destinado à crucifixão por livre vontade — sofria como qualquer homem todas as penas e torturas de um inocente conduzido à morte e em extremo maltratado, assim também Maria padecia todas as dores que podem acabrunhar uma mãe à vista de um filho santo e virtuoso tratado tão injustamente por um povo ingrato e cruel. Ela rezava para que esse imenso crime não se efetivasse. Como Jesus no Horto das Oliveiras, Ela dizia ao Pai Celeste: "Se for possível, afaste-se este cálice".
Se for possível... Nos desígnios de amor da Trindade Santíssima estava decidido: o Verbo de Deus Encarnado deveria beber, até a última gota, esta taça de dores. Não era possível. O Inocente por excelência foi condenado ao infamante suplício da crucifixão. Osculou com amor a Cruz e a carregou rumo ao Calvário.
  


Lancinante encontro da Mãe com o Filho
Mais adiante, a Beata Ana Catarina Emmerich descreve a lancinante cena do encontro da Mãe com o Filho; narra como, vendo-O coberto de chagas, com a Cruz aos ombros, Ela caiu ao solo, sem sentidos; e como três das Santas Mulheres, auxiliadas pelo Apóstolo Virgem, A levaram para a casa da qual pouco antes haviam saído.
Ao ver-Se separada mais uma vez de seu Filho bem-amado, que prosseguiu com seu pesado fardo aos ombros e cruelmente maltratado, logo o amor e o ardente desejo de estar junto d'Ele deram-Lhe uma força sobrenatural. Ela foi com suas companheiras até a casa de Lázaro, perto da Porta Angular, onde se encontravam as outras Santas Mulheres, gemendo e chorando com Marta e Madalena. De lá partiram, em número de dezessete, para seguir o caminho da Paixão.
Vi-as — diz a beata —, cheias de gravidade e resolução, indiferentes às injúrias do populacho e impondo respeito pela sua dor, atravessar o Fórum, cobertas com seus véus, beijar a terra no lugar onde Jesus tomara a Cruz, depois seguir o caminho que Ele havia percorrido. Maria e outras que recebiam mais luzes do Céu procuravam as pegadas de Jesus. Sentindo e vendo tudo com a ajuda de uma luz interior, a Virgem Santa as guiava nessa via dolorosa e todos esses locais se imprimiam vivamente em sua alma. Ela contava todos os passos e indicava às suas companheiras os lugares consagrados por alguma dolorosa circunstância.
* * *
A devoção da Via Crucis nasceu, portanto, do fundo da natureza humana e das intenções de Deus para com o seu povo, não em virtude de um plano premeditado. Por assim dizer, ela foi inaugurada sob os pés de Jesus, o primeiro a percorrê-la, pelo amor da mais terna das mães.
1 Artigo baseado na obra La douloureuse Passion de Notre Seigneur Jésus-Christ d'après les meditations d'Anne Catherine Emmerich, disponível no site http:// www.clerus.org. Obra publicada em português: EMMERICH, Anna Catharina. Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus. São Paulo: MIR, 1999.

(Revista Arautos do Evangelho, Março/2015, n. 159, p. 19 à 21)

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17 março 2015

Por que a família é chamada de "igreja doméstica"?


Isso tem a ver com o conceito de "casa"? Ou será porque os cristãos se chamam "irmãos"?


Sobre a família como igreja doméstica há uma seção no Catecismo da Igreja Católica, que abrange os números 1655 a 1658, com este mesmo título. Por isso, não repetiremos o que foi dito lá. Tentaremos explicar o fundamento teológico desta ideia, que permite entender seu significado.

Em primeiro lugar, é interessante observar que a expressão não é uma invenção teológica. Já está presente em São Paulo: no final da 1ª Carta aos Coríntios, ao enviar saudações, inclui esta: "Áquila e Prisca, com a comunidade que se reúne em sua casa, enviam-vos muitas saudações" (16, 19).

Trata-se, então, não de questionar a terminologia, mas de saber as razões que permitem falar dessa maneira. Para isso, é preciso conhecer os conceitos de "Igreja" e "família", e adentrar no mundo das analogias, ou seja, das semelhanças. Os termos não se transladam com significado idêntico, mas semelhante.

A Igreja é o povo de Deus, a comunidade que se estabelece com a comunhão em Cristo – ou em Deus através de Cristo. Nela, o ser humano encontra os meios de salvação, principalmente a Revelação divina e a graça, cuja entrada é o Batismo e cujos principais canais são os sacramentos e a oração.

A família cristã é uma comunidade dentro desta comunidade, que também forma uma comunhão particular com Deus, desde o momento em que o matrimônio cristão é um sacramento. É o canal estabelecido por Deus para que, em seu interior, os homens e mulheres que chegam a este mundo – os filhos – encontrem a graça e a doutrina cristã.

Quem batiza é o sacerdote (ou diácono), mas são os pais que levam a criança para batizar e se comprometem a dar-lhe uma educação na fé. São eles os primeiros responsáveis pela catequese dos seus filhos, os que ensinam a rezar e introduzem seus filhos nas verdades da fé.

Não fazem isso por ordem da paróquia ou da escola. Ao contrário, podem (e muitas vezes convém fazer isso) pedir ajuda nesta tarefa, cuja responsabilidade é sua, em primeiro lugar. A tarefa dos pais é uma verdadeira missão eclesial: um trabalho que a Igreja lhes confia, assim como confia uma paróquia a um sacerdote.

A isso podemos acrescentar vários traços da Igreja que podem ser aplicados à vida de uma família cristã que vive como tal: a particular comunhão em Cristo dos seus membros, que se manifesta no acolhimento incondicional, na oração em comum e na projeção apostólica que deve ter frente ao exterior, pois uma família verdadeiramente cristã não vive centrada em si mesma.

Podemos concluir, assim, que a família está chamada a ser um lugar privilegiado de encontro com Cristo.

Ao refletir sobre tudo isso, percebemos que cada característica mencionada mantém um paralelo com os sinais de identidade da própria Igreja. Em seu conjunto, o que manifestam é que a família está chamada a ser um reflexo da Igreja universal, e inclusive da Santíssima Trindade, que é a família de Deus. Nela, reconhecemos a vida e a natureza da Igreja.

Portanto, como podemos ver, o qualificativo de "igreja doméstica" não obedece a uma ideia feliz ou a uma bela metáfora. Há razões de peso para utilizar este termo que, no demais, permite entender melhor por que Deus quis incluir o matrimônio entre os sacramentos.


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16 março 2015

A confissão online é válida?



Posso receber a absolvição se eu me confessar com um padre por meio de um e-mail ou de um confessionário virtual, por exemplo? A Igreja aceita isso?

"Padre, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta: a confissão online é válida? Posso receber a absolvição se eu me confessar com um padre por meio de um e-mail, por exemplo? A Igreja aceita isso? Posso receber direção espiritual de um padre por meio das redes sociais?"

Certamente, vivemos em um mundo em que a internet tem cada vez mais protagonismo, em todos os âmbitos da vida. Não é de se estranhar, portanto, que haja dúvidas sobre a possibilidade de criar e utilizar confessionários virtuais. De fato há vários anunciados na rede – sobretudo na região anglo-saxônica. A maioria provém de grupos protestantes, mas também há católicos envolvidos.

Inicialmente, parece que a questão poderia ser estudada avaliando os prós e contras. Assim, a favor teríamos a facilidade para o penitente, em todos os sentidos, já que ele poderia se confessar sem que ninguém o visse nem reconhecesse (o anonimato é um direito do penitente), de forma que seria mais fácil que se motivasse a contar tudo o que for pertinente. O site também poderia facilitar uma boa preparação, incluindo um exame de consciência.

Contra esta prática, teríamos a dificuldade da tarefa de pastor – não só de juiz – por parte do padre. As imposturas também seriam mais fáceis. E certamente poderiam ser acrescentados mais argumentos, em ambos os sentidos.

No entanto, se estamos falando do que os católicos habitualmente entendem por "Confissão", ou seja, o sacramento da Penitência, não é assim que a questão deveria ser tratada. O que precisamos analisar é se a natureza própria do sacramento permite esta prática.

O tema não é tão novo quanto parece, e já foi estudado. Não seria estranho que, nos estudos de teologia ou os seminários, cedo ou tarde alguém perguntasse se é possível se confessar pelo telefone. A resposta invariável é: não.

Por quê? Para compreender esta resposta, é preciso entender o sentido próprio do sacramento. Jesus Cristo confiou à Igreja o perdão dos pecados, de maneira que estes podem ser perdoados ou "retidos" (cf. Jo 20, 23). O sacramento se torna um tribunal da misericórdia, no qual o pecador se aproxima da Igreja – representada pelo seu ministro, o padre – para confessar seus pecados com arrependimento.

O padre, percebendo que o penitente tem contrição pelos seus pecados, o absolve; se não a tem, deixa a absolvição pendente, para quando estiver contrito. Por isso, é preciso estar presente.

Desde sempre, examinou-se se a presença física era necessária – antes do telefone, havia cartas – e a resposta foi afirmativa. Recentemente, isso foi recordado por vários bispos e, em 2011, o próprio porta-voz da Santa Sé, Pe. Lombardi, comentou o tema com relação ao iPhone.

Estas considerações se referem exclusivamente à celebração do sacramento da Penitência. Não se referem à sua preparação, para a qual a internet pode ser de grande ajuda – por exemplo, proporcionando um bom exame de consciência para que o penitente se prepare.

Tampouco se referem a qualquer tipo de diálogo alheio ao sacramento. Porém, quando se trata de uma direção espiritual, penso que o recomendável (recomendável, não estritamente necessário) seja a presença física, com relação à virtual.

De: 
aleteia.org

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13 março 2015

Por que a tolerância laica não vale para os católicos?



O policiamento ideológico já tiraniza a sociedade

Em mais uma demonstração de “tolerância seletiva” por parte dos radicais da cultura laica atual, a revista norte-americana Crisis publicou um artigo do qual extraio os seguintes trechos:

Em seu zelo por proteger os estudantes de quaisquer comentários ou opiniões que possam ferir os seus sentimentos, muitos professores da Universidade Marquette criaram “espaços seguros” em suas salas de aula, controlando todas as conversas para garantir que ninguém seja ofendido (...) A professora Cheryl Abbate deixou claro que a sala de aula não é lugar para que os estudantes questionem o valor do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Esse tipo de questionamento deve ser guardado para conversas privadas, para não ofender os outros (...) Um estudante abordou a questão com a professora depois da aula: “Eu não concordo com o casamento gay e gostaria de ser honesto quanto a isso”. A professora respondeu: “Ok, mas há algumas opiniões que não são adequadas, porque machucam”.

Quando o estudante respondeu que “desafiar esta proibição é meu direito como cidadão americano”, a professora Abbate replicou: “Bom, nesta aula você não tem direito a fazer comentários homofóbicos, racistas ou sexistas. Digo isso desde já: nesta aula, comentários homofóbicos, racistas e sexistas não vão ser tolerados. Se você não gosta, é mais do que livre para não frequentar esta aula”.

No “espaço seguro” criado pela professora Abbate, os alunos homossexuais têm o direito de não ser ofendidos, mas onde ficam os direitos de quem quer manifestar outros pontos de vista sobre a finalidade da sexualidade humana? Existe um espaço seguro para eles? Para a professora Abbate, é inquestionável a política de “espaço seguro” que só é segura para quem concorda com ela sobre o valor do “casamento” homossexual.

Ah, sim, um “detalhe”: a Universidade Marquette é uma universidade católica.

Bem-vindos à “tolerância” dos laicos radicais! No dicionário deles, “tolerância” significa que todos têm o direito de concordar com eles – e a obrigação também. “Viva e deixe viver” significa “Viva do jeito que nós mandamos”. Já “fanatismo” se aplica apenas a quem tem opiniões contrárias às das classes que eles consideram oprimidas. “Fóbicos” são só os que se opõem à sua agenda. E muito pouca gente vai questioná-los, por conta do pesado apoio da mídia laicista e da pressão onipresente para que todos sejam politicamente corretos.

O papa Bento XVI falava com frequência da “tirania do relativismo”. Essencialmente, isto significa que, quando uma cultura decide que não existe nenhuma base fundamental para a verdade (excluindo, portanto, não só a Escritura, mas também a lei natural), o resultado é que também não existe base real alguma para qualquer discussão ou para a deliberação sobre qualquer assunto. Assim, quem ganha não é quem se baseia na razão, mas quem grita mais alto ou quem tem mais poder, dinheiro, influência política ou tudo isso junto.

Num mundo relativista, o caminho a ser seguido não é o da razão e do respeito à lei natural (na filosofia), nem o dos princípios constitucionais (na política), nem o da Escritura e da tradição (na teologia). O caminho a ser seguido é o de ganhar poder e pôr em prática uma ideologia que exclui todos os pontos de vista opostos a ela.

As revoluções que se dizem inspiradas pelos ideais de “liberdade” inauguram, com frequência, reinados de terror: os que se acham oprimidos assumem o poder e viram opressores das pessoas que, segundo eles próprios, estão do lado “errado”.

A tirania do relativismo impõe um clima venenoso e perigoso, com pouco espaço para a discussão verdadeira e menos ainda para uma autêntica tolerância.

De: aleteia.org

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12 março 2015

Seis casais protestantes conheceram a Encíclica «Humanae Vitae» de Paulo VI... E hoje são católicos


A firmeza moral da Igreja, sinal de credibilidade

Muitas comunidades protestantes têm cedido à mentalidade anticonceptiva a partir de meados do sé.c XX. Por isso, para alguns de seus membros a firmeza da Igreja católica ao proclamar a lei natural frente “as pressões da mentalidade atual e dos poderes do mundo constitui um fator de credibilidade, que a certifica como a única e autentica Igreja de Cristo.

É o caso de seis famílias que prestam seu testemunho em uma recente reportagem de Our Sunday Visitor, pessoas jovens com boa formação teológica e moral que viram na encíclica Humanae Vitae de Pablo VI, de 1968, ou em suas aplicações (como a difusão dos métodos naturais) um facho de luz que lhes guiou até a conversão.

Os Millegan
Brantly e Krista eram noivos e estudavam em um colégio evangélico, o Wheaton College (Illinois) quando caiu em suas mãos a encíclica e a leram juntos. "Fui o primeiro que me convenci de tomar-me o catolicismo a sério. De repente, parecia que os catoulicos podiam ter razão em algo. E se a tinham em outras coisas?", explica Krista.

A legitimidade de a anticoncepção era algo indubitável para eles, e acudiram ao texto de Paulo VI sou porque Brantly ("homem minucioso ", disse sua hoje esposa) queria estudar o tema desde todos os pontos de vista. Ao finalizar a leitura, ambos haviam mudado: "Amparando-me em meus preconceitos anti-católicos, duvidava de que tivesse algo valioso que dizer, e se concordei em lê-la foi por ele. A última coisa que esperava é que me convencesse".
Desde o ponto de vista prático, a convicção tardou mais em chegar, mas quase foi providencial, pois como Krista queria seguir usando anticoncepcionais, aprofundou na questão e estudou sua história, e isso a acercou à Igreja: "Me surpreendeu saber que todas as tradições cristãs o rechaçaram até meados do séc. XX, mas isso me convenceu. Todos os cristãos haviam tido razão durante dezenove séculos, até que os protestantes cederam “a pressão social".

A adicionado: "O que realmente me impactou sobre a opinião da Igreja é o “pró-mulher” que resulta. Me gostava que tratava meu corpo e minha fertilidade com respeito. Que eu fosse feita de forma diferente ao homem significava algo. A fertilidade não era somente um belo presente e um privilégio da mulher, era uma parte essencial de minha feminilidade, de mim mesma. Recordo haver pensado que se o plano de Deus para o sexo era que ficasse aberto “a procriação de una nova vida, então isso era algo que podia aceitar sem medo nem rancor".

Enquanto a Brantly, a mudança era radical (como o seria logo sua conversão): "Tinha consequências práticas duras para nosso matrimônio e para nosso papel como marido e mulher. Em seguida compreendemos que tínhamos que repensar o resto de nossas vidas. Tivemos dificuldades financeiras. Tivemos altos e baixos em termos de mais e menos dinheiro, mas até agora Deus sempre proveu o que necessitávamos. Fizemos um grande sacrifício pessoal e econômico, tem sido totalmente maravilhoso". (clique aqui para ler uns bons conselhos matrimoniais de Brantly.)

Os Simms
Luma Simms (divorciada e recasada: clique aqui para conhecer sua história) leu a encíclica em um difícil momento pessoal. Alguém muito próximo havia abandonado a sua esposa depois de 43 anos de matrimônio, e a comunidade presbiteriana a qual participava estava totalmente dividida, que fizeram que ela e seu marido se levantassem a questão da autoridade na Igreja. "Há alguma Igreja que não se rompa antes ou depois? se podemos fazer nossa própria leitura de a Bíblia, e nossa própria interpretação, a conclusão lógica do protestantismo é o cisma. Nos perguntávamos onde poderíamos encontrar uma verdadeira autoridade eclesial, dentro da qual pudéssemos entender definitivamente o matrimônio".
E nisto caiu em suas mãos a Humanae Vitae. "Ao concluir a leitura, me sentei chorando", confessa Luma: "Sua poderosa antropologia e sua profética compreensão da sexualidade humana golpeavam minha mente. Não é que em âmbitos protestantes não se ouça falar destas coisas, mas não se apresentam como um todo baseado em séculos de doutrina teológica sobre quem é Deus e quem é o homem que ele criou".

Os Schmitz

Matthew Schmitz, editor de produção da revista conservadora First Things, afirma que seu itinerário de conversão começou ao ficar-se "impressionado pelos ensinamentos morais da Igreja católica".
Entrar nesses ensinamentos presume "levar a plenitude a fé cristã que meus pais me haviam transmitido, não rechaçá-la", e lhe aproximaram a Cristo.

Os Brozozowski
Tavi, de Oklahoma City, se casou com um estudante de medicina católico quando ela ainda era batista: "Michael estava em início de carreira, assim que pensamos que não podíamos ter um filho nesse momento". Assim que recorriam a anticoncepcionais que para ela implicavam sérios e incômodos efeitos colaterais para a saúde, e para ele um grande sentimento de culpa por isso.

Quando logo tiveram seu primeiro filho, ela decidiu não voltar a usar métodos hormonais e recorreu a classes de métodos naturais: "Deus me conduziu até sua Igreja a través dessas classes", evoca, e  a partir disso colabora em difundir o método Billings.
"Se Deus me ama tanto como para por limites a minha sexualidade, inclusive no matrimonio, então é que é um Deus que ama muito. Me fez vê-lo com uma luz diferente", explica, em una reflexão realmente substancial. A ela também lhe satisfazia a forma com que a Igreja aborda a sexualidade, a diferença da comunidade protestante na qual cresceu, onde "o sexo e a sexualidade eram algo sujo do qual não se podia falar": "Na Igreja se fala muito, mas no contexto apropriado. Era refrescante ver que havia um contexto apropriado, com seus limites e sues regras".

Os Jennings
Cierra Jennings também utilizava habitualmente métodos químicos que lhe produziam efeitos colaterais muito negativos. seu então noivo e hoje marido, Fitz lhe sugeriu interar-se de "o que fazem os católicos". Fitz havia sido educado como tal, ainda que não praticava. Começaram a recorrer, a classes de métodos naturais e conheceram a "um casal católico ", com quem ambos (ela para a conversão, ele para voltar a ser coerente com sua fé) fizeram o retorno até a Igreja.
Que começou com algo que ela mesma reconhece "superficial", mas que foi efetivo: "Quando fiquei grávida de meu primeiro filho, pensei que teria uma menina e que queria viver com elas as mesmas tradições natalinas com as que eu me havia criado. Comecei nesse nível, mas ele me conduziu a uma compreensão mais profunda de minha fé e de Deus". E vai mais além: "Se não tivesse começado a usar métodos naturais, não sei onde teria ido ao ficar grávida de Rosa... ou nunca haveria fiado grávida".

Hoje tem quatro filhos, e aponta um detalhe interessante: "Eu queria ter filhos, mas não tinha um plano sobre quantos e com que rapidez. Renunciar ao controle artificial de natalidade realmente tomou essa decisão por mim em muitos sentidos. Quando comecei a tê-los, de repente descobri o que é ser mãe. E nunca foi tão bom algo como ser mãe!".

Renunciar “a anticoncepção melhorou sua relação com Deus: ”Mudou completamente minha confiança nele e minha fé”. Ele sabe realmente o que é melhor, e isso é estimulante". Sua ansiedade desapareceu: "Já não me assustam tanto as coisas como antes. É condição humana que a morte te aterrorize, mas isso, em mim, mudou. Já não temo morrer porque sei que ele estará ali, esperando-me".
Os Fike
Blythe Fike, blogueira muito seguida, mãe de cinco filhos e esperando o sexto, via em sua comunidade protestante uma contradição: "Sempre havia tido um problema com a ideia, que prevalecia em nosso grupo evangélico, de render-se à vontade de Deus em todas as áreas de tua vida... exceto na sexualidade. A chamada de Deus em tua vida podia significar mudar-se para a China ou vender tudo o que tinhas, mas em assuntos familiares nunca se atinha em conta".
Depois de resolver esse "problema" convertendo-se ao catolicismo, Blythe explica que os filhos são um presente que conduz à santidade: "Na vida consagrada tens que levantar-te a horas intempestivas para rezar, dormir no chão... Aqui os desafios te veem todos, assim que em termos de crescimento em santidade, temos fácil encontrar uma cruz em nossas vidas".

Enquanto a seu relação matrimonial, deixar de usar anticoncepcionais foi "o maior presente" de casamento que ambos se deram: "Cada respiração de cada filho é um presente de amor na intimidade do outro. Escolher a abertura ao outro é realmente um estado espiritual, e faz sólida a convicção de que Deus realmente sabe o que faz".

Blythe ficou grávida de seu segundo filho quando o primeiro tinha somente seis meses: "Me senti culpada, porque o primeiro o havíamos buscado, mas o segundo não. Era duro pensar como ia ser mãe dos dois de uma vez, tão perto. Mas quando nasceu o segundo, a primeira coisa que pensei é que não teria querido esperar nem um instante mais para tê-lo. E assim sucedeu  cinco vezes. Deus segue dizendo-me: tenho algo perfeito para ti".


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